Posted by : Nuno T. Menezes Gonçalves 10 julho 2010


Portugal bate recordes mínimos de fecundidade e acelera envelhecimento (link)  

«Portugal vive momentos históricos em termos de população, com um número de óbitos superior ao de nascimentos em 5000, mínimos memoráveis de fecundidade e um envelhecimento recorde, segundo um perfil da população portuguesa.»


A Europa enfrenta hoje uma grande ameaça: a do envelhecimento da população.

A grande fasquia da população portuguesa não vê incentivos nem razões para formar um casal e criar uma família numerosa. Há falta de humanidade nas pessoas, falta de sentido de vida, mas a origem da culpa está longe de residir nelas.

Afirmou Piaget que o comportamento humano resulta de uma construção progressiva do sujeito em interacção com o meio. Na actualidade em que vivemos, os estímulos positivos para seguirmos uma correcta conduta de vida são escassos. Somos constantemente confrontados com uma sociedade de qualidade de vida precária e que se degrada cada vez mais, que aos olhos de muitos requer talvez uma colher de chá de Humanismo. O que é certo é que a crise que se criou e se acomodou em Portugal não está só de passagem, simplesmente porque ninguém se preocupa em combatê-la objectiva e competentemente.

As repercussões deste desânimo generalizado observam-se notoriamente ao quantificarmos a população portuguesa. Apresenta-se-nos uma diminuição acentuada da taxa de natalidade, enquanto a taxa de mortalidade se tem mantido estável ao longo dos anos. Não é preciso saber muito de Geografia para perceber que a pirâmide está desequilibrada, a população está envelhecida e não é renovada adequadamente...

À la table, são-nos servidos os seguintes pratos: contracepção; crise tremenda de valores humanos; profundas alterações nos padrões de vida que se repercutem na família; incerteza quanto ao futuro; falta de apoio à maternidade; dificuldade em conciliar família com trabalho.

É certo que vigora há muito tempo a política dos facilitismos, e a contracepção não foge à regra. Qual é a maneira de satisfazer os nossos impulsos sem consequências que mudem significativamente o estilo de vida das pessoas? É a contracepção! Há pessoas que banalizam o acto sexual até ao seu mais ínfimo detalhe, esquecendo-se do seu significado enquanto gerador de família, sabendo que há sempre alguma solução para fugir às responsabilidades que os seus actos impõem; temos também os casais que dela se servem como meio de controlo, porque num certo egoísmo dizem só ter paciência para aturar um ou dois filhos.

Em matéria dos valores humanos, muito há para dizer. Num país em que desde sempre os regimes de governo foram fundados e edificados com alicerces no Cristianismo, nota-se claramente que existe um fosso entre Estado e Igreja, ele é real e está a aumentar!  Um dos contribuintes, ainda que em pequeno grau, para a criação deste fosso foi a Constituição Portuguesa, devido à promulgação da liberdade de religião e cultura, de um Estado laico. Abrindo-se uma porta, são exclusivamente certos condicionalismos que decidem se essa porta vai ou não ser atravessada. Contudo, não nos enganemos, porque a grande bomba que criou e continua a alargar este fosso foi lançada pelas políticas de esquerda! Apontem o dedo ao senhor engenheiro a pavonear-se em frente às câmaras televisivas aquando da comemoração dos 25 anos de uma mesquita em Portugal, enquanto na sua boa figura se dirige ao Papa Bento XVI por "Sua Eminência". A este senhor devemos a liberalização do aborto e dos casamentos homossexuais, verdadeiros atentados à estrutura da família, mas ainda assim parece difícil a muita gente identificar os culpados do agravamento do envelhecimento da população. Já não há valores de família, há antes a revigoração da célebre expressão de Horácio, o "Carpe Diem", ainda que um tanto quanto adaptada: vivam a vida como melhor entenderem; vivam o presente e não se preocupem com o futuro, decerto alguém virá para apagar os nossos erros.

Portanto, não é de surpreender esta assombrosa quebra de estilos de vida observada entre as gerações do século XX e a nova geração rosa. Falta integridade ao ser humano, faltam exemplos de vida e referências para a sua formação pessoal. Quando, no tempo dos meus avós, uma família pequena era raridade, hoje em dia deparo-me com o oposto completo: um casal com três filhos já se considera motivo para espanto!

É verdade que no panorama comum, nos dias que correm, com o agravamento socio-económico do país, ter uma família numerosa pode trazer algum receio aos novos casais. Obviamente há falta de incentivos para tal, e atentando no que é mais óbvio a maior parte das pessoas tende a pensar em si do que em pensar nas responsabilidades que têm para com a sociedade, chegando até a optar por ter um casamento sem filhos. Não podemos fugir às responsabilidades de casal que nos são impostas, e já nem digo enquanto cristãos, porque se a população está a envelhecer, cabe-nos a nós reverter essa tendência e lutar pelo bem maior, mesmo que o Governo não tenha em grande conta este problema. E digo que não tem isso em conta porque não mostra medidas que indiquem o contrário. Ao invés, vemos, por exemplo, o fecho das maternidades como medida de contenção de gastos na saúde, a inexistência de medidas de incentivo à natalidade como a majoração do abono de família e atribuição de subsídios às famílias numerosas.

Para somar à mescla de agravantes, há que atentar nas condições de trabalho dos portugueses. O IVA aumenta, os descontos aumentam e, completamente contra o que seria lógico, os salários diminuem. Se vivêssemos só de ar, estas medidas de "apertar os bolsos" não representariam qualquer problema, mas para já não somos assim. Os portugueses vêem-se forçados a trabalhar mais horas e/ou a ter mais do que um trabalho, e assim torna-se difícil conciliar a vida familiar com a vida profissional. Acredito que, se as condições de vida fossem outras mais favoráveis, grande parte das pessoas teria de bom grado e com grande felicidade uma família numerosa, e isso constitui mais um factor a adicionar ao somatório do desalento da população.

Há muita coisa que está mal em Portugal, mas parece que o envelhecimento da população não faz parte do leque de problemas de maior relevo. Liberalizar os casamentos dos homossexuais é, de facto, deveras mais importante... Será que vamos ser colonizados por muçulmanos?

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