Archive for outubro 2012

Sabedoria Eclesiástica



Tudo tem o seu tempo e ocasião, todas as tarefas sob o sol:

Há tempo de nascer, e tempo de morrer;

Tempo de plantar, e tempo de arrancar;

Tempo de matar, e tempo de sanar;

Tempo de derrubar, e tempo de construir;

Tempo de chorar, e tempo de rir;

Tempo de fazer luto, e tempo de dançar;

Tempo de atirar pedras, e tempo de as apanhar;

Tempo de abraçar, e tempo de se separar;

Tempo de procurar, e tempo de perder;

Tempo de guardar, e tempo de deitar fora;

Tempo de rasgar, e tempo de coser;

Tempo de calar, e tempo de falar;

Tempo de amar, e tempo de odiar;

Tempo de guerra, e tempo de paz.

25 outubro 2012
Posted by Nuno T. Menezes Gonçalves
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Falar verdade a duvidar





«Io veggio ben che già mai non si sazia
nostro intelletto, se 'l ver non lo illustra
di fuor dal qual nessun vero si spazia.

Posasi in esso, come fera in lustra,
tosto che giunto l'ha; e giugner puollo:
se non, ciascun disio sarebbe frustra.

Nasce per quello, a guisa di rampollo,
a piè del vero il dubbio; ed è natura
ch'al sommo pinge noi di collo in collo.»






Dante,  Paradiso, IV, 124-132

24 outubro 2012
Posted by Nuno T. Menezes Gonçalves

Tempo para estar e ouvir

«Um bom exemplo da importância deste exercício, revelador do valor que damos às nossas prioridades na distribuição do tempo, é este conselho que já tenho dado algumas vezes a alguns pais: convidem os vossos filhos para almoçar! Um de cada vez e com tempo... para estar e ouvir. Ou vão dizer-me que não têm tempo?
(...)

"convida-o para almoçar...".

Ele ficou sem saber o que dizer... "Sim, põe na tua agenda, e convida-o para almoçar. Telefona-lhe para o telemóvel, e convida-o para almoçar. Mas não para lhe perguntares pelas notas, não para saber se tem namorada... Não para fazer essas perguntas todas que os pais têm a mania de fazer e que às vezes não deviam fazer, ou que deviam fazer, mas na hora certa, e sem aquele ar 'chateado' e no meio de outras gritarias! Tens tempo para todos os almoços de trabalho que queres, por que é que não hás-de almoçar com o teu filho?... Este é um almoço de trabalho do afecto! Porque ele sabe que tem pai, saber sabe... mas não o sente. O grande problema pode vir daí: se ele não 'sente' que tem pai... e tu também não vais tendo oportunidade (tempo) de exercer a tua paternidade, fica difícil. Experimenta exercê-la mais vezes!".

(...)

Portanto, cada um que se examine. Pois, a questão é esta: se eu quiser ter tempo para aquela criança, tenho.

(...)

Nós temos tempo para aquilo que realmente queremos, para aquilo que levamos no coração, não para aquilo que levamos na cabeça. E há aqui um trabalho enorme a fazer de educação dos afectos.»


P. Vasco Pinto Magalhães, sj
Só avança quem descansa
23 outubro 2012
Posted by Nuno T. Menezes Gonçalves

Ainda te falta alguma coisa


Só Deus pode criar, mas tu podes dar valor ao que Ele criou.
Só Deus pode dar a vida, mas tu podes transmiti-la e respeitá-la.
Só Deus pode fazer crescer, mas tu podes guiar e orientar.
Só Deus pode dar a fé, mas tu podes ser um sinal de Deus para o teu irmão.
Só Deus pode dar o amor, mas tu podes aprender a amar o teu irmão.
Só Deus pode dar a esperança, mas tu podes devolver a confiança ao teu irmão.
Só Deus é o caminho, mas tu podes ensiná-lo ao teu irmão.
Só Deus pode fazer milagres, mas tu tens de oferecer-Lhe os teus cinco pães e dois peixes.
Só Deus pode fazer o impossível, mas tu tens de fazer o possível.
Só Deus Se basta a Si mesmo, mas Ele quis ter necessidade de cada um de nós.



22 outubro 2012
Posted by Nuno T. Menezes Gonçalves

A ilustre casa portuguesa



«Já se viam chegados junto à terra
que desejada já de tantos fora,
que entre as correntes Índicas se encerra
e o Ganges, que no Céu terreno mora.
Ora sus, gente forte, que na guerra
quereis levar a palma vencedora:
já sois chegados, já tendes diante
a terra de riquezas abundante!

A vós, ó geração de Luso, digo,
que tão pequena parte sois no mundo,
não digo inda no mundo, mas no amigo
curral de Quem governa o Céu rotundo;
vós, a quem não somente algum perigo
estorva conquistar o povo imundo,
mas nem cobiça ou pouca obediência
da Madre que nos Céus está em essência.

Vós, Portugueses, poucos quanto fortes,
que o fraco poder vosso não pesais;
vós, que, à custa de vossas várias mortes,
a Lei da Vida Eterna dilatais:
assim do Céu deitadas são as sortes
que vós, por muito poucos que sejais,
muito façais na Santa Cristandade,
que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade!

Vede-los Alemães, soberbo gado,
que por tão largos campos se apascenta;
do sucessor de Pedro rebelado,
novo pastor e nova seita inventa;
vede'lo em feias guerras ocupado,
que inda co cego error se não contenta,
não contra o soberbíssimo Otomano,
mas por sair do jugo soberano.

Vede-lo duro Inglês, que se nomeia
rei da velha e santíssima Cidade,
que o torpe Ismaelita senhoreia
(quem viu honra tão longe da verdade?),
entre as boreais neves se recreia,
nova maneira faz de cristandade:
para os de Cristo tem a espada nua,
não por tomar a terra que era sua.

Guarda-lhe, por entanto, um falso rei
a cidade Hierosólima terreste,
enquanto ele não guarda a Santa Lei
da Cidade Hierosólima Celeste.
Pois de ti, Galo indigno, que direi?
Que o nome «cristianíssimo» quiseste,
não para defendê-lo nem guardá-lo,
mas para ser contra ele e derribá-lo!

Achas que tens direito em senhorios
de cristãos, sendo o teu tão largo e tanto,
e não contra o Cinífio e Nilo rios,
inimigos do antigo Nome Santo?
Ali se hão-de provar da espada os fios
em quem quer reprovar da Igreja o Canto.
De Carlos, de Luís, o nome e a terra
herdaste, e as causas não da justa guerra?

Pois que direi daqueles que em delícias,
que o vil ócio no mundo traz consigo,
gastam as vidas, logram as divícias,
esquecidos do seu valor antigo?
Nascem da tirania inimicícias,
que o povo forte tem, de si inimigo.
Contigo, Itália, falo, já sumersa
em vícios mil, e de ti mesma adversa.

Ó míseros Cristãos, pela ventura
sois os dentes, de Cadmo desparzidos,
que uns aos outros se dão à morte dura,
sendo todos de um ventre produzidos?
Não vedes a Divina Sepultura
possuída de Cães, que, sempre unidos,
vos vêm tomar a vossa antiga terra,
fazendo-se famosos pela guerra?

Vedes que têm por uso e por decreto,
do qual são tão inteiros observantes,
ajuntarem o exército inquieto
contra os povos que são de Cristo amantes;
entre vós nunca deixa a fera Aleto
de semear cizânias repugnantes.
Olhai se estais seguros de perigos,
que eles, e vós, sois vossos inimigos.

Se cobiça de grandes senhorios
vos faz ir conquistar terras alheias,
não vedes que Pactolo e Hermo rios
ambos volvem auríferas areias?
Em Lídia, Assíria, lavram de ouro os fios;
África esconde em si luzentes veias;
mova-vos já, sequer, riqueza tanta,
pois mover-vos não pode a Casa Santa.

Mas, entanto que cegos e sedentos
andais de vosso sangue, ó gente insana,
não faltarão cristãos atrevimentos
nesta pequena Casa Lusitana:

de África tem marítimos assentos;
é na Ásia mais que todas soberana;
na quarta parte nova os campos ara;
e, se mais Mundo houvera, lá chegara.»


Luís de Camões, Os Lusíadas

19 outubro 2012
Posted by Nuno T. Menezes Gonçalves

Then I saw God


«Que maravilhosa a visão das colinas às 7h45 da manhã! Sendo as mesmas de sempre à tardinha, recolhem a essa hora a luz duma maneira inteiramente nova, simultaneamente terrena e etérea, com delicadas manchas de sombra e escuros enrugamentos e ondulações de terreno em lugares onde nunca os vira antes, e tudo ligeiramente velado por uma neblina que lhe dá a aparência de costa tropical, ou de continente recentemente descoberto. Uma voz parecia gritar dentro de mim: "Olha, repara bem". Porque estas é que são as verdadeiras descobertas, e para isso é que estou aqui no mais alto mastro da minha nau (onde sempre estive) e sei que a direcção que levamos é a correcta, pois nos cerca a toda a volta o mar do paraíso»

Thomas Merton
04 outubro 2012
Posted by Nuno T. Menezes Gonçalves

Em mãos

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