Posted by : Nuno T. Menezes Gonçalves 11 maio 2011


     Creio ser importante retirar alguns pontos de referência do debate político que se sucedeu esta Segunda-feira, para dar aos cidadãos algum sentido de voto e alguma coerência política.

     «Sondagens não ganham eleições», mas influenciam votos. O CDS-PP é uma alternativa válida de Direita, mas o eleitorado que se considera de Direita tem medo de votar nessa alternativa por estar a roubar votos ao maior partido da Oposição. Isto é uma tremenda irresponsabilidade, porque o direito de voto deve ser exercido em plena consciência dos ideais do seu partido político e não em função do medo de os outros partidos ganharem. Neste momento, o PSD já perdeu pontos percentuais nas sondagens, devido às suas incoerências, e isso está a reflectir-se negativamente no eleitorado do CDS-PP. Votar é um direito, mas também é uma responsabilidade. Tenham em conta que, se votarem no PSD e esse partido vier a governar, as consequências negativas do seu governo vão cair sobre as vossas cabeças. Dar o voto ao CDS-PP é dar lugares a esse partido no Parlamento, e isso é importante se queremos que as nossas ideias políticas pesem no governo.

     «Quem convida todos os partidos ao mesmo tempo para o governo é porque está à espera que nenhum aceite». É a prova de um partido que não assume identidade política, um Partido Socialista que não tem os ideais do socialismo, e de um partido que não demonstra confiança a nenhum líder de bancada parlamentar nem ao povo português, que o elegeu sem maioria absoluta.

     As duas teses de José Sócrates. «A dívida portuguesa subiu porque as outras subiram também». A dívida pública portuguesa subiu nestes últimos seis anos mais de 30 pontos, tendo sido esta subida superior em relação à Alemanha, Espanha, França, Itália, Eslovénia, Holanda, Áustria, Rep. Checa, Finlândia, Polónia, e por aí fora. Assim sendo, o Primeiro Ministro devia ter percebido que era perigoso estar a agravar a dívida portuguesa neste período quando grande parte da nossa dívida está no exterior, o país não poupa o suficiente e não apresentou crescimento económico significativo. «O Dr. Paulo Portas nunca apresentou propostas para combater a crise (...) nunca apresentou medidas para uma consolidação orçamental». Seguem-se então as propostas que têm vindo a ser defendidas: reavaliação das Parcerias Público-Privadas, suspensão e reavaliação das grandes obras públicas, aposta na exportação e na produção agrícola, maior apoio financeiro às PMEs.

     «O Dr. Paulo Portas votou contra as medidas do PEC e com isso abriu uma crise política, com isso empurrou o país para a ajuda externa. E depois subscreveu o acordo que fizemos com a Troika (...) O que é que o país ganhou com isso?». Em primeiro lugar, como ficou provado, as medidas do PEC nunca foram suficientes para combater a crise, caso contrário não haveria uma saga infindável de Programas de Estabilidade e Crescimento; isto porque ainda faltava avaliar o BPN, o BPP e as SCUTs. Em segundo lugar, se um partido não concorda com determinadas medidas, certamente não as vai aprovar, ou abster-se como alguém fez, e a isso se chama ter coerência. Por fim, mesmo que o acordo da Troika com Portugal seja idêntico ao PEC IV, que não é, pessoalmente sinto-me mais seguro se for a Europa a governar os dinheiros públicos e não o PS como o tem feito, com três relatórios de contas diferentes para agradar a gregos e a troianos e mostrar que está tudo bem quando não está; porque quando alguém de fora abre o livro, vemos o pano preto a enegrecer ainda mais.

     «A dívida pública atingiu 170 mil milhões de euros e quando o candidato José Sócrates chegou ao governo era de 84 mil milhões de euros (...) Os juros já custam ao contribuinte mais do que investimos em Educação. Temos 650 mil pessoas no desemprego, enquanto algumas PMEs não conseguem contratar pessoas. Temos em cada 100 jovens, 25 não têm posto de trabalho. Temos a segunda recessão em dois anos». Em matéria de Economia e Finanças, não há muito mais a acrescentar quanto ao desempenho do Governo.

     «José Sócrates não habita a mesma realidade que a esmagadora maioria dos portugueses, perdeu a noção do realismo há muito tempo». Disse que íamos ser o primeiro país a sair da crise, e por agora ela continua a agravar-se quando outros países já dela se recuperam; disse que não íamos precisar da intervenção do FMI, e quando apresentou o PEC IV já tinha um pré-acordo de ajuda externa; disse que nunca seria Primeiro-Ministro com o FMI, e candidata-se novamente nestas Eleições Legislativas; com o dinheiro que a Troika emprestou ao país, José Sócrates vai continuar a investir no TGV em vez de reconstituir o Estado Social.

     «O montante que estamos a pedir à União Europeia é praticamente igual ao valor que a dívida pública aumentou nestes últimos seis anos»

     Falemos dos dois submarinos, que aparentemente são a primeira e única pedra que os socialistas têm a atirar a Paulo Portas, sem sequer se lembrarem de quem partiu originalmente a ideia: «Em números, o TGV são 15 submarinos; a dívida das empresas públicas são 80 submarinos; as Parcerias Público-Privadas são 120 submarinos».


     «Os juros que nós pagaremos com o acordo externo, que se tornou inevitável pela irresponsabilidade do Governo, são juros de 3,5-4,5%, quando os juros que andávamos a pagar a algumas semanas atrás andavam a 6,5% no mercado primário e mais de 10% no mercado secundário». Percebem porque é que o acordo da Troika é mais vantajoso que outros PEC?

     Em relação ao congelamento das pensões previsto no PEC: «o Primeiro-Ministro não deu conta de que estava a congelar as pensões sociais, mínimas e rurais; depois perceberam e quiseram corrigir esta inacreditável injustiça, não de congelarem as pensões mas de retirarem poder de compra das inflacções, mas no texto definitivo do Ministro das Finanças continua a estar que vão poupar 340 milhões nestas pensões».

     A respeito de José Sócrates afirmar que o CDS-PP se manteve pelas caladas durante estes anos de Governo, segue-se a constatação dos factos: «Enquanto o Sr. dizia que a economia ia crescer, nós víamos a recessão a chegar; enquanto dizia que as contas estavam em dia, nós perguntávamos por valores que não se encontravam nas contas; enquanto dizia que o endividamento não era um problema, nós dizíamos que se ia transformar no maior problema do país e que ia sacrificar o próprio crescimento económico». Não restam quaisquer dúvidas sobre o activismo e intervenções políticas do CDS-PP; já o mesmo não é verdade quanto à competência de quem tirou uma licenciatura num Domingo e dos seus gabinetes. O pior de tudo é que José Sócrates é incapaz de reconhecer os seus próprios erros, é um mentiroso compulsivo, e continua a defender que o principal problema do país começou no dia em que se vetou o PEC IV.

     No dia do chumbo do PEC IV, José Sócrates declarou que não havia condições para governar porque a Oposição não apresentava medidas alternativas ao PEC, querendo somente derrubar o governo. Pois bem, as medidas alternativas ao PEC IV propostas pelo CDS-PP, são as seguintes: «reforma do IRS a nível do abono de família e deduções fiscais; créditos fiscais às PMEs que exportem, reinvistam e contratem trabalhadores; estimular o arrendamento de imóveis; redução da taxa social única numa percentagem que não crie um aumento do IVA; privatização das duas maiores empresas a nível de concorrência nos mercados dos combustíveis e da energia».

     Nestas eleições legislativas, o país precisa mais do que nunca que os cidadãos se consciencializem sobre as suas opções políticas. Leiam os programas dos partidos, se o tiverem que fazer, mas votem pelos ideais e não pela conversa. Lembrem-se de todas as mentiras, todos os erros de julgamento, todas as más políticas que o Primeiro-Ministro demissionário e actual candidato do Partido Socialista cometeu. Não podem argumentar que votam Sócrates por falta de alternativas, porque isso é burrice; mas também não podem dizer que votam Sócrates porque tem feito um bom trabalho e está a ser injustamente acusado, porque isso é ainda maior burrice. Este é o rosto da mentira, este é o responsável pelo estado em que o país está.

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