Posted by : Nuno T. Menezes Gonçalves 20 maio 2011

Depois do debate político entre Passos Coelho e Sócrates, ficou mais uma vez provada a incompetência política do Partido Socialista e do seu líder. Da próxima vez, é melhor vir com o trabalho de casa mais bem feito e estudado:

1º. José Sócrates critica as medidas dos outros mas vem de mãos vazias de propostas. É fácil acusar os outros de só dizer mal do país, difícil é assumir responsabilidades e mostrar novas alternativas. Sócrates aproveita as propostas do Partido Social Democrata para lançar críticas ao seu líder, mas não mostra o que o Partido Socialista pensa sobre esses assuntos. Para quem esteve atento ao debate, percebeu facilmente que o PS está esgotado de ideias, o seu programa não traz nada de novo. Isto significa que quem der votos ao PS, das duas uma: ou é burro e deixa-se iludir muito facilmente, ou tem um sério problema em perceber a língua portuguesa. É tudo muito simples: as medidas do Partido Socialista para sair da crise são as mesmas dos últimos dois mandatos, e está à vista de qualquer um que não foram efectivas para combater a crise, não deram qualquer resultado. Significa, portanto, que dar o voto ao PS é conduzir o país para mais do mesmo, quando o país necessita urgentemente de uma mudança de estratégia.

2º. Na mente de José Sócrates, a crise económica portuguesa desculpa-se pelo facto de que todos os países da União Europeia também estão em crise económica. Nada tem a ver, portanto, com a política das grandes obras públicas, da canalização do crédito dos bancos portugueses para comprar títulos de dívida pública, das variadas e erróneas execuções orçamentais onde se cortou onde não era devido (deduções fiscais, pensões, rendimento social de inserção) e se financiou o que não era suposto (construção de troços do TGV)...

3º. Ainda defende a credibilidade do seu governo em matéria de economia. Ora, este foi o governo em que: num espaço de dois anos foi preciso propor três Programas de Estabilidade e Crescimento para tentar consolidar a execução orçamental e nunca foram suficientes, senão não haveria o PEC IV, uma revisão e correcção dos anteriores; que quando se veio a descobrir o verdadeiro valor do défice orçamental, soube-se que não era de 6,8% como anunciado, mas quase 10%; que propôs a construção de auto-estradas gratuitas e mais tarde veio a cobrar o seu uso; se defende com a promoção do crescimento económico, quando recusou a ajuda externa e para remediar canalizou o dinheiro do crédito dos bancos portugueses para comprar títulos da dívida pública, em vez de o usar para estimular o crescimento das empresas portuguesas e consequentemente a geração de emprego, o que causou a falência de muitas e consequentemente um aumento brutal do desemprego; argumenta que o défice foi agravado porque faltava incluir o buraco financeiro (só recentemente descoberto) que era o Banco Português de Negócios, só que na verdade era o BPN, o BPP, as Parcerias Público-Privadas, o TGV e as SCUT, o que só demonstra (como diria um professor) falta de estudo.

4º. Em matéria de saúde, Sócrates acusa Pedro Passos Coelho de querer acabar com o «SNS tendencialmente gratuito», mas esquece-se daquilo com que acabou no passado. Os eleitores do PS esquecem-se que foi o seu partido que fechou centenas de hospitais e maternidades! Isso não é restringir o acesso a cuidados de saúde? Utópico é aquele que pensa que o SNS não deve ser apoiado por entidades privadas, realista é aquele que sabe que o Estado não consegue financiar por si só um sistema de saúde universal e gratuito. Para isso servem os acordos do sistema de saúde público com entidades de financiamento privado: para melhor funcionamento dos cuidados de saúde públicos e mais fácil e equitativo acesso da população a estes.

5º. Sócrates reitera que nunca virou a cara ao país e que os partidos da oposição são os responsáveis por abrir uma crise política. Para começar, virou a cara ao país no momento em que se ausentou do debate sobre o PEC IV, e se há alguém responsável por abrir uma crise política, foi o Partido Socialista. Responsabilidade esta que deriva da intransigência ditatorial de quem quer a todo o custo implementar medidas de austeridade e afirma que não precisa da sua aprovação parlamentar, que tem toda a legitimidade para o fazer. Isto vindo de alguém que a toda a hora faz propaganda da sua imagem de líder inteiramente cooperativo com os interesses do país e dos partidos da oposição. Aqui a retórica que aprende em casa já não ajuda.

6º. Os inúmeros contra-sensos, ou se preferirem, contradições de José Sócrates. Desculpa a crise financeira portuguesa pela crise financeira dos outros países, mas depois diz que assume toda a responsabilidade pelo estado em que o país está. Disse que íamos ser o primeiro país a sair da crise, e por agora ela continua a agravar-se quando outros países já dela se recuperam. Disse que não íamos precisar da intervenção do FMI, e quando apresentou o PEC IV já tinha um pré-acordo de ajuda externa. Disse que nunca seria Primeiro-Ministro com o FMI, e candidata-se novamente a primeiro-ministro.

7º. O partido que se orgulha de defender o Estado Social é aquele que mais o destruiu. Cortou nas pensões; foi o primeiro governo a diminuir os salários da função pública; ambicionou acabar com o 13º mês de ordenado; aumentou o IVA de 19% para 23%; reduziu o número de dias úteis de férias dos funcionários públicos; aumentou a idade mínima da reforma; trouxe ao país a taxa de criminalidade mais alta de sempre; prometeu criar 150 mil postos de trabalho e agora temos 650 mil desempregados.

8º. Para terminar, e talvez o aspecto mais grave deste debate, o evidente desrespeito de José Sócrates pela Constituição e pelo Presidente da República. Após Cavaco Silva ter declarado que só daria posse a um governo de maioria absoluta, citando a lei da Constituição que permite ao Presidente da República intervir desta forma, Sócrates afirma que o partido que ganhar as eleições é aquele que deve formar governo, independentemente do resto. Se há uns tempos concordava que o Presidente da República devia ter uma magistratura activa, agora faz-se superior aos seus direitos e deveres, depois de ter ficado provado o descalabre que foi para o país permitir um governo sem maioria absoluta.

Quem votar no Partido Socialista, é como cego que não quer ver. Não votem em emblemas, não votem no que fala melhor, não votem de acordo com o que os vossos familiares votam. Leiam os programas eleitorais, vejam as campanhas, estejam atentos às intervenções políticas, recordem-se das medidas que gostaram que tivessem sido propostas e/ou implementadas. Votem num partido que mostre trabalho e mérito, que apresente uma política transparente.

E se continuam indecisos, votem em branco! Mas, por favor, NÃO VOTEM NO SÓCRATES!

2 Responses so far.

  1. Anónimo says:

    QUEM VOTA NO SOCRATES OU E BOY OU MASOQUISTA

  2. Filipe says:

    Óptimas palavras. Se todos fossem como o autor deste artigo, Portugal estaria muito melhor.

    Não percebo como é possível o PS ainda estar praticamente empatado com o PSD nas sondagens.. inacreditável! É um povo burro mesmo...

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