Posted by : Nuno T. Menezes Gonçalves 02 dezembro 2011

Um livro brilhante!
Mais do que uma obra com algum cariz autobiográfico, este livro relata a trajectória de um homem em busca do conhecimento interno de si mesmo. Joyce narra o processo de amadurecimento de Stephen Dedalus, o jovem protagonista deste romance, desde os tempos em que frequentava o colégio de Jesuítas até à idade adulta. Um jovem inteligente e brilhante, que os Jesuítas tentam conduzir para os seus quadros. E o amadurecimento começa aqui, em conflitos pessoais, sobretudo religiosos, mas abrindo o leque de discussões à política, família, homossexualidade, sociedade, estética...
A difícil passagem da adolescência à maturidade, a procura do sentido da vida e da arte, a emergência do indivíduo frente à sociedade, o carácter aleatório e quase sempre desconcertante da vida são as grandes discussões que acompanham o fio condutor desta obra de uma ponta à outra.


«Se um laico, no decurso de um baptismo, asperge a criança antes de pronunciar as palavras rituais, estará a criança baptizada? Será válido o baptismo com água mineral? Como pode acontecer que, a primeira bem-aventurança prometendo o reino dos céus aos pobres de espírito, a segunda promete aos humildes que também possuirão a terra? Porque foi o sacramento da Eucaristia instituído sob as duas espécies de pão e vinho, se Jesus Cristo estava presente em corpo e em sangue, em alma e em divindade, apenas no pão ou apenas no sangue? Uma parcela mínima de pão consagrado conterá todo o corpo e sangue de Jesus Cristo, ou apenas uma parte do corpo e do sangue? Se o vinho se transforma em vinagre e a hóstia se corrompe e decompõe, estará Jesus Cristo sempre presente nas suas espécies como Deus e como homem?»

«Encostou a cara ao vidro da janela e ficou a olhar para fora, para a rua cada vez mais escura. Formas passavam nesta e naquela direcção por entre a luz opaca. E isso era a vida.»

«A garganta ardia-lhe com vontade de gritar alto, de atirar o grito do falcão ou da águia, planando, anunciar com um grito arrebatador a sua libertação nos ventos do largo. Era esse o apelo que a vida dirigia à sua alma e não a monótona e grosseira voz do mundo dos deveres e das desesperanças, não a voz inumana que o convidara outrora para o serviço incolor do altar. Um único instante de selvagem voo bastara para o libertar e o grito de triunfo que os seus lábios tinham retido retumbou no seu cérebro fazendo-o estalar.»

«O objectivo do artista é a criação do belo; quanto a saber o que é belo, é outra questão.»

«Três coisas são necessárias à beleza: inteireza, harmonia, claridade.»

«Talvez a sua vida não fosse mais do que um rosário de horas, uma existência simples e estranha como a de um pássaro, alegre de manhã, activa ao longo do dia, cansada ao pôr do Sol? Um coração simples e voluntarioso como o coração de um pássaro?

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