Posted by : Nuno T. Menezes Gonçalves 30 novembro 2010

   
   Olho esvaído de horizonte para o céu cerrado, em busca do sol há muito debelado. Estou cansado até às raízes de mim. Na varanda, só o vento passa, e olha-me de esguelha quando passa, toma-me em seus adros de vazio. Há qualquer coisa no ar que me gela e me afasta. Não ouço nada, cidade silenciosa, ou estarei surdo? Nem o aroma das árvores puras sacudidas pela chuva, esse também partiu há muito atrás. Não sinto nada, como se toda a emoção petrificada rendida ao comando do frio. Então espero, por uma espécie de silêncio que nunca chega cedo, mas não sei se é silêncio o que devo procurar. Vou em busca da luz que enche a terra de miragens, perfeito acorde para a minha alma.


   Mas tu derrotaste-me, como não pude ver? Venceste injusta, pois se eu tinha em mim a razão de ti. Esperei em vão, no ponto onde o silêncio e a solidão se cruzam com a noite e o frio. Tanta luta, quando tão nítido, tão preciso, o vazio. Sentença irrefutável. Agora pareces breve, entre os dias apressados mal dormidos. Fugazes imagens, tão mudas que ao olhá-las parece que fechei os olhos. Estou cansado até às raízes de mim. Pesado e denso, de obscura respiração, triste inanimado. Leva o meu corpo, mas deixa minha alma alada.

Em mãos

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